quarta-feira, 9 de novembro de 2016

APRESENTAÇÃO

Esse blog constitui-se num artefato pedagógico a ser utilizado pelos professores e alunos do Projeto Recriando: Inclusão Social através da Arte, da APAE de Jacobina. Nele será socializada a realização de uma sequencia didática composta de cinco atividades, a serem mediadas em momentos previamente ajustados, com objetivo de que os alunos interajam com obras de arte, autores e suas histórias, registrando e refletindo os percursos dessa interação, visualizando diferentes imagens da feira, problemas, vivências, agindo sobre essas questões e transformando-as, enquanto transformam a si mesmos.:

  • Acionando o imaginário, provocando nos participantes diálogos reflexivos sobre si e fazer emergir bem como (re)construir percepções de mundo;
  • Favorecendo o conhecimento das e sobre artes visuais, relacionando produção artística com apreciação estética e informação histórica;
  • Possibilitando expressão de conteúdos pessoais, isto é, a autopercepção e a consciência de si, demandando, a partir do agir reflexivo, não apenas recepção, mas produção de saberes. 

A opção pelo tema Reencenado a feira livre deu-se a partir do êxito   obtido com o trabalho da Profa. Karine Leite, ao realizar a mediação pedagógica dos alunos usando os quadros de Tarsila do Amaral, em  especial, as obras A Feira I e II, que trouxeram respostas surpreendentes ao Projeto Recriando e seus anseio de empoderamento do aluno, demandando então, mais atividades relacionadas à feira, trazendo aprofundando o contexto local com um artista da terra e obras que retratam a feira de Jacobina.



sexta-feira, 28 de outubro de 2016

SOBRE REENCENAR A FEIRA LIVRE... INTRODUÇÃO/JUSTIFICATIVA


A feira faz parte do cotidiano local da cidade de Jacobina, é estruturante na economia local e nas relações sociais. Atividades como compra, venda,diversão, hábitos alimentares, encontros e reencontros, relações de poder de trabalho, todo um cenário desencadeador de reflexões e direcionamentos para alunos e professores, com proposições reais para expressão de elementos importantes a serem considerados no processo de aprendizagem da pessoa com deficiência intelectual, produzindo conhecimento de si e do lugar que ocupa em seu entorno.

Temos continuamente enfocado a arte-educação como abordagem emancipadora para a pessoa com deficiência intelectual pelo seu potencial em resgatar a criatividade como dimensão relevante para produção de conhecimento, de si e do outro.

Buscamos então criar um artefato pedagógico que aliasse a arte e o entorno social dos alunos da APAE para alcançar os objetivos do Projeto Reencenando a Feira livre, embasados nos postulados de Vygotsky sobre arte e aprendizagem, além outros autores que afirmam a importância dos trabalhos de apreciação e recriação a partir da obra de arte no âmbito escolar.

Sabemos que uma obra de arte é um sistema especialmente organizado de impressões externas ou interferências sensoriais sobre o organismo. Entretanto, essas interferências sensoriais estão organizadas e construídas de tal modo que estimulam no organismo um tipo de reação diferente do que habitualmente ocorre, e essa atividade específica, vinculada aos estímulos estéticos, é o que constitui a natureza da vivência estética. (VYGOTSKI, 2010, p. 333).Sabemos que uma obra de arte é um sistema especialmente organizado de impressões externas ou interferências sensoriais sobre o organismo. Entretanto, essas interferências sensoriais estão organizadas e construídas de tal modo que estimulam no organismo um tipo de reação diferente do que habitualmente ocorre, e essa atividade específica, vinculada aos estímulos estéticos, é o que constitui a natureza da vivência estética. (VYGOTSKI, 2010, p. 333).

A arte torna-se terreno fértil para a revelação de novas e efetivas capacidades. Aprender implica enxergar com profundidade, conhecer, ressignificar, através da atenção, da percepção, da memória, do raciocínio, da imaginação, do pensamento e principalmente da afetividade, esse sentimento que empoderao ser e lhe permite aprender, demonstrar suas potencialidades e saberes sem a frustração de ser futuramente censurado.

Nessa perspectiva, a criatividade é um movimento indiscutivelmente fundamental à vida e é importante a compressão da deficiência não como algo limitante, pois em seu desenvolvimento cada pessoa com deficiência experimenta processos de elaboração e uma série de funções que compensam, equilibram e suprem as dificuldades existentes. A deficiência, a carência, o déficit perdem sua relevância dada a reação que nasce da pessoa enquanto artista, durante seu desenvolvimento como resposta às dificuldades impostas pela condição de desvantagem em dar sentido aos próprios sentidos e em expressar verbalmente sensações e sentimentos quando estes ainda estão indefinidos, ou quando não percebidos com clareza. A Arte entra nesse cenário como facilitadora da expressão por ser multilíngue.

A Arte é linguagem – pode ser lida, mostrada, interpretada e apreciada, proporcionando a possibilidade de auto-perceber-se e expressar conteúdos pessoais, além de agir reflexivamente desenvolvendo habilidades e competências necessárias ao convívio social qualitativamente superior. Esse diálogo desencadeado pela Arte termina por reposicionar, no caso da pessoa com deficiência, esse artista para fora do circuito fechado, a que muitos são submetidos, nas quais as relações estabelecidas, sua vida social, não ultrapassam a família, a escola e os serviços de saúde.


Produzir arte é parte importante dessa proposta, pois soloca o aluno na posição de protagonista, produtor e disseminador de conhecimento, nesse projeto a produção se dará através da fotografia feita pelo aluno no ambiente estudado, a feira, para que através das imagens capturas pelos alunos se possa reencenar essa feira, apreciando a partir do olhar do outro, nas telas e do alhar do próprio alunos em suas fotos e vídeos produzidos. A foto como expressão, mas também como desencadeadora de novos olhares ou atiçador de olhares guardados, esquecidos, prenhes e sentimentos, necessários de serem compartilhados. 

Essa perspectiva comunga com a Educação da Cultura Visual, onde o foco está nas questões da visualidade da vida cotidiana, a exemplo de objetos materiais e vivenciais importantes para o empoderamentos dos sujeitos do ponto de vista tanto individual como coletivo, enfatizando as representações no cotidiano como elementos centrais no estímulo as práticas de produção, apreciação e critica de artes. Essas representações tornam-se desencadeadoras de processos de pensamento simbólico, conceitual, critico, cognitivo, imaginativo, permitem tensionar através da imagem temáticas de gênero, sexualidade, raça, etnia, religião, além da própria condição das pessoas com necessidaes especiáis, entre outras, permitindo compreensão e consequentemnete ação. Esse movimento é de suma importância para a aprendizagem das pessoas com deficiência intlectual, prúblico a quem se destina esse subprojeto. Pois de acordo com Cunha,


Ampliar o repertório das imagens e objetos também implica abastecer as crianças de outros elementos produzidos em outros contextos e épocas, como, por exemplo, as imagens da história da arte, fotografias e vídeos, objetos artesanais produzidos por culturas diversas, brinquedos, adereços, vestimentas, utensílios domésticos, etc. (1999, p.14)


Neste sentido, ressaltamos a importância de possibilitarmos às pessoas com deficiência intelectual momentos em que possam experimentar materiais, escolher formas, cores, tamanhos, visualizar diferentes imagens acerca do mesmo assunto, problema, vivência, agir sobre essas escolhas e transformá-las, enquanto transformar a si mesmas.

PUBLICO-ALVO - PERFIL DA TURMA:

06 alunos com deficiência intelectual, na faixa etária de 15 a 25 anos, matriculados na APAE de Jacobina, participantes do Projeto Recriando: Inclusão Social através da Arte.

NUMERO DE AULAS: 05

CONTEÚDO CIENTÍFICO A SER ABORDADO:
História da feira de Jacobina;
Hostória de vida dos autores Tarsila do Amaral e Almaques Gonçalves;
Contexto Histórico e Político das obras apreciadas;
Técnicas de pintura usadas pelos autores;


RECURSOS DE ENSINO:
Internet;
blog;
power point;
máquina fotográfica/filmadora;
Telas e outros instrumentos de pintura e desenho.

MÉTODO DE APRECIAÇÃO DE ARTE - ROTEIRO DE ROBERT OTT


Descrever – Descrever o que é visto na imagem (objetos, pessoas, roupas...). Para isso, elaborar essa descrição na forma de um inventário (rol, relação, listagem).
Analisar – Observar os detalhes da linguagem visual (elementos, texturas, dimensões, materiais, suportes e técnicas) e, em seguida, registrar as informações oralmente.
Interpretar – Identificar todas as ideias transmitidas pela imagem (simbologia, metáforas, temática...), relacioná-las a outras manifestações (visuais, musicais, cênicas) que tratem do mesmo tema e fazer comparações.
Fundamentar – Levantar questões que busquem respostas sobre o que o artista quis dizer (mensagem principal) e o que se relaciona com a nossa realidade. É necessário pesquisar a biografia, a vida e o contexto em que a obra foi produzida.
Revelar – Criar ou elaborar a própria interpretação (mesmas ideias, com seu ponto de vista) por meio de desenho, mensagens escritas, comentários, fotos, letras de música, poemas.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CUNHA, Susana Rangel Vieira da. Cor, som e movimento – A expressão plástica, musical e gramática no cotidiano da criança. Porto Alegre: Mediação, 1999.
HERNANDEZ, Fernando. Catadores Da Cultura Visual proposta para uma nova narrativa educacional. Porto Alegre: Mediação, 2007.
______. Cultura Visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000.
LANIER, Vincent. Devolvendo Arte à Arte-Educação. in BARBOSA, A. M. (org). Arte-Educação: Leitura no Subsolo. São Paulo, Cortez, 2001.
OTT, R. W. Ensinando crítica nos museus. in BARBOSA, A. M. (Org.). Arte-Educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez,1997.
VIGOTSKY, L S. La imaginación y el arte en la infancia. Madri: Ediciones Akal, 2003a.
___________. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2003b.
___________. A psicologia da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
___________. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
___________. Obras escogidas V: fundamentos de defectologia. Madri: 1997.